Já
há várias semanas que não deixo aqui um apontamento sobre comunidades de Leitores
(CL), em jeito de reflexão. Como é hábito, vou deambulando pelas sugestões de
leitura de diversas comunidades na área de Lisboa, em particular na cidade,
devido à logística de deslocação. E uma alegre constatação é que cada vez mais os
autores nacionais são uma presença constante das mesmas.
No
caso das livrarias, acrescenta-se muito frequentemente a possibilidade de presença
do autor. Será o caso este mês da Tigre de Papel, que no dia 27 contará com a
presença de Dulce Maria Cardoso para falar sobre O Retorno. Já a Leituria debruçar-se-á sobre Os Loucos da Rua Mazur.
O
Clube de Leitura do Lumiar inclui, até ao final do ano, nas suas leituras:
Miguel Torga, Miguel Sousa Tavares, valter hugo mãe, José Saramago e Agustina.
Na biblioteca da Penha de França, andaremos à volta, até junho, de David
Mourão-Ferreira; Teolinda Gersão, Hélia Correia, Possidónio Cachapa e Gonçalo
M. Tavares.
Porquê
esta sede por autores nacionais? Exactamente porque há um grande desconhecimento
sobre o seu trabalho. A maioria dos leitores terminou a sua relação com a
literatura nacional após as leituras escolares obrigatórias. A obrigação, a
falta de identificação com determinados estilos de escrita, o excesso de
análise académica afastam(ram) a maioria do que se escreve em Portugal. Se
aliarmos a este facto, um certo resticio de pensamento de que o que é português não
tem a mesma qualidade do que vem de fora, faz com que o panorama da leitura de
autores nacionais fique extremamente aquém da sua real qualidade.
E é
aqui que as CL têm desempenhado um enorme – e nem sempre visível ou óbvio –
trabalho de divulgação da literatura nacional, seja recente ou do século
passado. Da minha parte, continuo a empenhar-me neste sentido, até porque tenho
descoberto autores extraordinários cujo valor infelizmente não tem ultrapassado
as gerações. E também por sentir, da parte dos demais participantes, que este é
um local seguro para partilhar leituras sobre as quais se sente ter qualquer tipo
de preconceito, uma vez que é um espaço de aceitação, quer do eventual fascínio,
quer do eventual desanimo perante a referida leitura.
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