Estrada Nacional, Rui Lage

Não sou leitora habitual de poesia. Atento a um ou outro poemas com que me cruzo em navegações e pesquisas e pouco mais. Também por isso, gosto de assistir ao Clube dos Poetas Vivos dinamizado pela Teresa Coutinho, na primeira terça-feira de cada mês, pelas 19h, no átrio do Teatro Nacional D. Maria Segunda, numa parceria entre o TNDM e a Casa Fernando Pessoa. Foi nesta âmbito que conheci – há uns meses – este Estrada Nacional (EN) e que se voltou a cruzar comigo como leitura de Janeiro do Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro, em Sintra.
Esta EN leu-me como o retrato de uma geração cujas raízes familiares se encontram na terra interior do país. Muitos de nós, já nascidos nas grandes urbes, passaram muitas horas da sua infância a percorrer os quilómetros que através de AE. EN, EC, IP, EM, trilhos e caminhos de cabra nos levavam a essas casas e casebres ancestrais. Lares que a seu tempo foram deixando de ser nossos, mas que são o cenário incontornável das nossas memórias de infância. Infâncias divididas entre realidades paralelas: a urbe e os horários dos dias de semana e o confinamento dos carros e o ar livre dos fins de semana. Um tempo do qual há memória, mas ao qual não há regresso. Um tempo morto, pois mortos estão quem nos esperava e nos levava.
A EN é uma paisagem de crescimento interior. Um registo dos afectos, festas e romarias de verão. Dos primeiros amores, desamores e perdas. Dos excessos da juventude, mas sobretudo do excesso que leva ao crescimento.
Editora: INCM | Colecção: Plural | Local: LX | Edição/Ano: 2016 | Impressão: INCM | Págs.: 58 | Capa: André Letria | ISBN: 978-972-27-2451-7 | DL: 406337/16 | Localização: BLX Gal 82P-1/LAG (80381105)

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