Gradualmente,
as Comunidades de Leitores vão-se adaptando ao on line,
independentemente das plataformas ou dos formatos. Porque será a
realidade dos próximos meses e a forma das dinâmicas de grupo não
se perderem.
Mesmo
com a perspectiva do abrandamento / alteração das medidas de
contenção, a verdade é que as reuniões presenciais das CL não
terão lugar tão depressa. E quando tiverem, provavelmente nem todos
os espaços terão as condições necessárias – em termos físicos
- para as retomar ou alguns grupos poderão entretanto perder a sua
dinâmica actual. É um facto. Seja porque não poderem ter o mesmo
número de pessoas, seja porque, dado o hiato, se perdem sempre
participantes, tal como também se ganharão outros.
Tenho
visto – e participado – em diversas plataformas e modelos de
reorganização das CL. A plataforma Zoom tem sido a eleita e
realmente é a que – na minha opinião – permite uma experiência
mais semelhante ao encontro presencial. Mas há CL que optaram por
“dispensar” a reunião, mas não a partilha. É o caso do Clube
de Leitura do Museu Ferreira de Castro, cujos participantes publicam
- directamente ou via o anfitrião Ricardo António Alves – algumas
das suas experiências de leitura no seu blog A curva da estrada. Há também CL que mantêm esta
partilha através da singela troca de e-mails. Uma estratégia, como
outra. E caso não tivéssemos a actual tecnologia ao dispor, creio
que haveriam muitas cartas e postais a versar sobre livros.
Porquê
tanta diversidade? Na verdade, porque somos todos diversos na nossa
abordagem à leituras, aos livros, na nossa necessidade de partilha,
e – extremamente relevante – à tecnologia e ao grau de actuação
/ utilização da mesma no seu dia a dia.
Para
quem os livros são já um escape a um dia extremamente marcado por
ecrãs, torna-se cansativo recorrer a um novo ecrã para dar azo a
esse mesmo escape. Para mim, este formato é óptimo enquanto
possibilidade e na impossibilidade de um encontro físico, mas
torna-se cansativo. Exige a abolição de uma fronteira que separa,
por exemplo, o trabalho do lazer.
Depois,
e sempre relevante, é a questão do acesso à tecnologia e da
literacia na mesma. Normalmente, há um factor etário associado a
esta condição, mas não é exclusivo. Quantos, mesmo munidos de
equipamento e software, não se sente perdidos na panóplia de opções
e nas diferenças e subtilezas de cada uma. Eu tenho dias, e os
computadores fazem parte da minha vida desde a juventude, embora como
ferramenta e nunca fui adepta ferranha.
Mas
o caminho faz-se caminhando e é extremamente aliciante perceber que
mesmo que nos encontremos de um modo diferente, não deixamos de nos
encontrar. E é esse o grande mérito das CL: a possibilidade de
encontro. E até que nos encontrarmos de novo presencialmente,
aproveitemos esta imensa possibilidade de nos encontrarmos
digitalmente.
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