Em 2021 vou (re)ler Sam Shepard

 

No outro dia, cruzei-me com um dos livros de SS e comecei a fazer contas… há quanto tempo não leio algo seu? No final de 2019, assisti à peça Uma Réstia de Temor - Variações sobre Édipo, n’A Barraca. Mas ler, ler… há talvez mais de 10 anos que não me delongo nas suas páginas. É verdade que tenho andado a descobrir outros autores, outras escritas, mas… porque não retornei ao meu primeiro amor literário?

Não sei bem explicar. Sei que alguns dos meus amores literários foram ficando pelo caminho. Alguns transformaram-me e levaram-me a outros livros. Outras vezes, a vida transformou-me e o sentido que estes me davam dilui-se.

Mas o primeiro amor nunca se esquece, pois não? O certo, é que ainda tenho imagens de páginas que li tão presentes na minha memória. Fazem parte de mim. Talvez por isso, não tenha sentido necessidade de voltar à sua escrita crua, que nos deixa um murro no estômago e um silêncio difícil de preencher, seja pela insuficiência das palavras, seja pela dor das mesmas. Poucos autores tratam o silêncio como SS.

Então, cerca de 20 depois da revelação que foi para mim Loucos por Amor e após um hiato de leitura de 10 (talvez 15) anos, resolvi (re)ler alguns títulos. Estou curiosa por saber que autor vou encontrar agora que sou uma leitora e uma pessoa tão diferente. Vou avançar, entre a curiosidade própria do reencontrar um velho amor: o receio de já não me rever nas suas palavras, mas a vontade de voltar a sentir algo muito semelhante ao primeiro deslumbramento.

Não irei ler tudo o que já li. Não. Isso não faz sentido. Faz-me sentido reler alguns textos essenciais (Crónicas Americanas), descobrir alguns inexistentes (Espião na primeira pessoa, o seu último trabalho) no momento do afastamento e destrinçar a memória perdida que tenho dos seus paraísos.

Estou entusiasmada!

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