A Viagem do Elefante, João Amaral e José Saramago

Há algum tempo que tinha curiosidade de ler A viagem do elefante, de Saramago, pois uma das suas citações mais conhecida sempre me suscitou curiosidade. Embora fora de contexto, gosto da ideia de “sempre chegamos onde nos esperam”. Depois, deparei-me com esta adaptação gráfica que desconhecia sequer. Então achei que seria a oportunidade ideal de fazer a incursão por esta história.

Salomão, ou Solimão, é um elefante cuja mais parece inventada do que real. Nascido na Índia é oferecido ao rei português e viaja para Portugal, que por sua vez o oferece ao Arquiduque da Áustria, sendo enviado para Viena. Torna-se assim um animal mais viajado do que muitos humanos alguma vez serão. Não é caso raro numa época, em que estes animais de grande porte suscitavam curiosidade e aportavam aos seus donos uma aura de poder. Já Catherine Clément, no seu Dez mil guitarras, nos conta uma história com alguns elementos idênticos – um rei português oferece um rinoceronte ao imperador . Não sei se os nossos reis ofertaram muitos mais animais, mas é provável que a nossa História ainda tenha mais alguns destes episódios para revelar.

Estava curiosa quanto a esta adaptação, cuja leitura teve a vantagem de não poder ser comparada com a história original. No entanto, do que conhecer da obra de Saramago, parece-me uma adaptação respeitosa. A única coisa que me causou alguma impressão, foram as transições de episódios, aparentemente abruptas.

Gostei muito de conhecer o trabalho de João Amaral. Gostei do traço e das opções, embora não conheça o suficiente para fazer uma avaliação mais concreta. Gostei, pronto. Fiquei curiosa por conhecer alguns dos seus outros trabalhos, nomeadamente A Voz dos Deuses, com base no livro homónimo de João Aguiar, e Rosa, Minha Irmão Rosa, de Alice Vieira, que fez as minhas delicias algures ali no início da adolescência.

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