Estava curiosa por ler esta revisitação da história de Aquiles, pela perspetiva de Pátroclo. Para a mitologia, seriam irmãos de armas. mas o que significa isso quando até para os padrões da época isso pode incluir uma relação sexual e até afectiva? pautada por uma dinâmica de poder, mas ainda assim... É assente nessa possibilidade, defendida por vários académicos e outras versões do mito que não terão necessariamente vingado, que a autora traça o relacionamento destes dois homens desde tenra idade até à morte de ambos na guerra de Troia e até depois. Sobre Aquiles, muito já se escreveu, já sobre a figura de Pátroclo, normalmente não passa de elemento secundário. Aqui, a autora concede-lhe a voz dos verdadeiros heróis, silenciados e sacrificados em prol da imagem de outras figuras.
Gostei bastante desta leitura, não só porque me faz querer rever os clássicos e perceber em que silêncios pode estar esta história, como pela perspetiva dos que tombaram e a quem se nega o nome e a existência.
A par de A Odisseia de Penélope, de M. Atwood, é uma ótima oportunidade para outras perspetivas sobre os clássicos.
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