Não sei se é depressão
pré-40, mas a verdade é que me ando a sentir velha. Além de ser a
primeira admiti-lo, também é notório para quem me rodeia. Creio
que sei todas as razões para este sentimento. Creio também que o
mesmo só se dissipará daqui a uns meses. Pelo menos assim o espero,
pois o contrário significa que não ultrapassei os actuais impasses,
que são inibidores por natureza.
As mudanças
profissionais dos últimos meses foram mais extenuantes do que
poderia à partida supor. Estão a igualmente a poucos meses de se
oficializar, mas até lá haverá sempre uma poeira de insegurança
que não me devia inquietar, mas... mas... depois há os projectos
que estou lentamente a pôr em marcha. Com eles vêm os momentos em
que me acho assoberbada pelas potencialidades e possibilidades e com
o que isso implica de investimento e posterior retorno. Por vezes, a
grandeza dos sonhos também é inibidora.
Depois, e de certo o mais
importante, é que me falta o meu companheiro de números. Aquele que
seguia em frente e desfazia qualquer preconceito relacionado com a
idade. O mesmo cuja partida me fez reflectir muito nos últimos anos
e cuja ausência ainda não sarou. Talvez não sare nunca. Aquele com
quem eu queria continuar chateada e chatear e tudo o mais que os
irmãos nos suscitam. Sim, a sua ausência faz-me sentir velha.
Talvez por sentir que já não consigo voltar àquele lugar chamado
infância no qual nós os três éramos uma unidade. O dois que agora
somos é um lugar incompleto e essa incompletude envelhece-me, mesmo
com tudo o que, hoje, me faz sorrir.
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