“A vida cria enredos de que a ficção não é capaz.” (p.
194)
Esta foi a
minha segunda incursão por este livro em que acompanhamos a viagem de
Laurentina, uma jovem mulher que, a pós a morte da mãe, descobre que foi
adoptada. Então, enceta uma viagem para descobrir a sua família biológica e
perceber, no final, que a mentira também pode ser verdade.
Como já vem
sendo habitual, este livro gira em torno da memória e da sua construção.
Ou mais precisamente das várias memórias que gradualmente vão desconstruindo o
que se julga um passado verdadeiro. Não para acabar por substitui-lo, mas
apenas para contribuir com mais uma série de novas memórias, todas elas tão
verdadeiras quanto o desejam e assumem os seus fazedores e interlocutores,
tanto que sem se anularem se completam ou complementam.
Vemos que nem
tudo o que prece é, mas o que parece não deixa de ser. É-o também. É uma
vertente dessa memória, dessa verdade que não há-de nunca ser una, e que
lhe confere maior riqueza e autenticidade. E em cada memória, em cada verdade
há ua lição e amor, de perdão e de aceitação. Não há julgamento possível para a
acção das pessoas, cada um faz o que julga melhor para si e para os demais e a
nós cabe-nos compreender e aceitar, se conseguirmos.
Editora:
D. Quixote | Local: Lisboa | Edição/Ano: 3ª, Julho 2007 | Impressão: Guide –
AG, Lda. | Págs.: 382 | ISBN: 978-972-20-3377-0 | DL: 261923/07 | Localização: BLX
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