Dando continuidade ao meu objectivo de ler todos os livros vencedores
do Prémio Leya, a mais recente escolha recaiu sobre O meu irmão, de
Afonso Reis Cabral. Este relata a vivência de uma familiar em cujo
seio nasceu um rapaz com trissomia 21, vulgo mongolismo. Tornando-se
o centro das atenções parentais, quando estes morrem impõe-se aos
irmãos (quatro mulheres e um homem) a decisão sobre o seu futuro. É
nesta circunstância, que António resolve chamar a si a
responsabilidade de ficar com o irmão, não numa atitude altruísta
e de devoção fraternal, mas por um sentimento egoísta de evitar a
sua própria solidão, levando a uma viagem de emoções e
sentimentos, por vezes, contraditórios.
Fiquei com alguns mixed feelings sobre esta obra, não
obstante o saldo ser positivo. Primeiro, pela positiva: uma primeira
obra de um autor de 24 anos que revela já uma maturidade de escrita
é um bom augúrio para uma carreira literária futura; o tema da
deficiência mental, creio que tão poucas vezes abordado, ainda que,
sobretudo, pela perspectiva do irmão, é sempre um factor de
reflexão, que inevitavelmente nos aproxima do outro; o tema da
solidão, explorado em várias situações, levadas ao limite.
Segundo, menos positivo: a estruturação da obra nas suas diferentes
opções gráficas, cuja intenção não é perceptivel e parece
somente uma opção estética.
Editora:
Leya (Prémio Leya 2014) | Edição: 3ª | Ano: 2015, Janeiro |
Impressão:
Multitipo, AG, Lda.| Págs.: 365 | Capa: Rui Garrido | ISBN:
978-989-660-344-1 | Localização: BLX Cor ROM ROM-POR CAB
(80264336)
Comentários
Enviar um comentário