Lorenzo Mattotti |
Ao final da
tarde, cerca de meia dúzia de curiosos e aspirantes a intelectuais distribuíram-se pela sala do antiquário* para a sessão de poesia de
leste**.
* arrumado e
organizado numa precisão que não convida ao curioso deambular e
manusear dos itens disponíveis, numa investigação aleatória até
se encontrar algo único que nos traga à memória uma qualquer
reminiscência infantil. Tão ao contrário das carreiras de itens
das grandes superfícies comerciais que nos impelem a escolher um (de
tantos outros iguais), numa liberdade de escolha estudada a fundo
pelo marketing e pelo product placement.
** primeiro em
português. Num tom suave, voz grave masculina colocada e treinada
para deleite e sedução de plateias. O tom dá corpo às palavras e
estas ganham sentido de sentido único, como se tivesse sido criadas
para o fim único daquela fusão especifica.
Depois, uma cacofonia estranha que fere os ouvidos e anula qualquer possibilidade de sentido. Faz-nos questionar se naquela (suposta) língua alguém pode pronunciar o amor e (podendo) se outro alguém se pode sentir amado através daquela demonstração vocálica.
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