Os últimos 4
livros que li continham um funeral e um processo de luto, nem sempre
pelo defunto a enterrar no momento. O que constacta que a
literatura não é morte, mas começa sempre com esta, sendo esta
então um processo de luto e de luta. Contra o quê? Os nossos medos
e os nossos fantasmas.
Recriamos na
literatura as conversas possíveis com quem nos morre. Procuramos
compreender o nosso passado. Se, ao fazê-lo, o aceitarmos,
conseguirmos deixa-lo lá, onde somente deve estar. Se não o
aceitarmos, então resta-nos (re)escrever-nos, matando-nos e deixando
nessas páginas os restos que (re)negamos, tantas vezes quantas as
necessárias, até que… Até que consigamos construir em palavras o
nosso futuro: utópico, se tivermos a capacidade de aprender, ou
distópica, se formos incapazes de ver para além de nós.
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