“… era um choro pequeno, de tristeza muito habituada, uma
tristeza a vir quotidianamente para sempre, para completar o tempo que ainda
teria de viver.” (p. 84)
Maria da Graça, 40 anos, mulher-a-dias. (Mulher tem dias. Há
raros dias em que é mulher.) Tem uma vida sem outra perspectiva que a dos dias
que se arrastam. O marido é embarcadiço e a sua ausência uma bênção, a sua
presença um estorvo. O sr. Ferreira é o amor possível, quando o abuso é a única
manifestação de desejo? Necessidade? Afecto? Sonha com a morte, mas s. pedro
barra-lhe ininterruptamente as portas do céu. Nem esse alento…
Quitéria é a usa melhor amiga, única amiga, companheira de
amarguras, ainda com uma esperança tola de amor. Mesmo que este seja Andriy, um
homem-menino, que se quer máquina, mas é vencido pela necessidade, pela
fraqueza do afecto, numa relação sem língua em comum.
São estas as protagonistas deste apocalipse. Mulheres que vão
sobrevivendo aos dias, sabendo que não há muito sentido a dar-lhes, a não ser umas
migalhas de amor: “esta é a inteligência mais secreta de todas, o amor.”
(p. 179)
Editora:
Quidnovi | Local: Matosinhos | Edição: 3ª | Ano: 20019, Fev | Impressão:
Tipografia Peres | Págs.: 182 | ISBN: 978-989-065-9 | DL: 276.902/08 |
Localização: BLX PF 82P-31/MAE (80236754)
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