Aproveitei
o fim-de-semana de final de ano para fazer uma limpeza no roupeiro.
Afinal, tenho de me desfazer do velho se quero dar espaço ao novo.
Não é que esteja a pensar adquirir novas indumentárias, estava
mais era a necessitar de despedir-me das antigas. É que tenho muita
dificuldade em virar a página e em desfazer-me seja de objectos,
seja de roupas. Então, de quando em quando, tenho de me obrigar a
tal feito.
Mas
este processo, aparentemente simples, pode ser psicologicamente
complexo, porque, se formos sinceros connosco, confronta-nos com
algumas realidades incómodas. No que diz respeito à roupa, o que
mais me custa é que, mesmo continuando a gostar de determinadas
peças, o meu corpo já não se enquadra nelas. Seja pelas diferenças
e oscilações de peso ou porque a gravidade já não é a mesma.
Pode até ser que esta constatação contribua para que em 2017 volte
às caminhadas.
Por
falar em caminhadas, que tal o assunto sapatos? Pois é, a idade
trouxe-me joanetes e estes obrigam-me a pensar o calçado que compro
e também o que não voltarei a usar. Como os dois pares de calçado
de cerimónia que não usava há mais de 10 anos, mas cujo salto e
elegância fizeram com que fossem permanecendo no fundo do roupeiro.
Na verdade, não espero participar em grandes cerimónias num futuro
próximos e mesmo que as haja lá terei de encontrar outra opção
mais viável inclusive para o dia a dia.
Separei-me
igualmente de algumas peças que marcaram alguns momentos como
algumas roupas que comprei por necessidades profissionais, ou porque
queria logo novo para determinada situação, ou até para marcar
alguns inícios. Gostamos sempre de marcar um início com uma nova
toilette, não é? Percebi igualmente que não dei certas roupas por
um receio de perder a memória afectiva a elas ligadas. Ou seja,
funcionaram durante muito tempo como um atalho para viagens ao
passado. Mas o passado não volta e a memória simples que permanece
terá de bastar.
A
nossa roupa reflete o que somos. Hoje. Não ontem. Mas não pensem
que só possuo roupa nova. Não. Dou por mim a perceber que algumas
roupas ainda têm valor para mim. Como uma camisola com cerca de 15
anos que ainda visto uma, duas vezes por mês. Ou uma saia de verão
ao xadrez. Ou as botas dos escoteiros que herdei do meu sobrinho. Ou
o casaco de inverno que herdei da minha mãe.
Quanto
às indumentárias que saíram do roupeiro, foram depositadas num
contentor de recolha de roupa para fins sociais. Quanto às minhas
próximas aquisições, serão mais espaçadas, e antes de o fazer
penso várias vezes se realmente necessito da peça em questão.
Tenho pensado : que quantidade de roupa afinal necessitamos. Não
chego às medidas drásticas que vejo em certas noticias, mas penso o
seguinte: para encher uma máquina de roupa de sete quilos, necessito
acumular roupa de praticamente duas semanas. Então tento manter o
número de roupa quotidiana em quantidade para encher uma máquina,
sendo que isto funciona um pouco por estação: verão, inverno e
meia estação. Com variantes de roupa interior, de dormir, de fora e
agasalhos. E, sim, continuo a ter duas ou três peças um pouco mais
especiais para alguma eventualidade. Afinal, sou mulher. Agora, só
me falta comprar uns sapatos para a ocasião!
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