"... são muitas as pedras que formam a felicidade e há sempre umas que nos escapam." (p.276)
A minha primeira incursão na escrita desta autora dá-se
exactamente com o seu primeiro romance. Este versa sobre o tormento psicológico
que pode ser a assumpção da homossexualidade devidos as expectativas e pressões
sociais, sobretudo familiares. Para o demonstrar, Zanatti cruza diversas
personagens: Maria do Carmo, Rita, Luís, Paulo, Flávia, Rosarinho, entre
outras, cujas acções terão impacto (por vezes invisível) no desenvolvimento de
cada personagem e das relações entre si. Salientado a importância da família no
processo, não de descoberta, mas de aceitação e como essa necessidade é, na
maioria das vezes, colmatada pela instituição de uma família alargada.
É uma história de descoberta de identidades e do seu papel na
busca da felicidade. Em certos momentos, apresenta-nos diálogos que soam
demasiado programáticos e no tom geral ressoa um grande impacto da psicologia,
como forma de atingir esta busca e descobertas interiores. As personagens são,
a meu ver, demasiado descritas, deixando pouco espaço a que as suas acções
falem por si, deixando-nos, leitores, pouca margem para as nossas próprias interpretações
sobre as suas características e incompletidudes.
Como primeiro romance, a história apresenta-se completa, em termos
de mensagem, enredo e personagens. Estou curiosa para ler outro título da
autora para perceber como é que a sua escrita evolui em termos de maturação e
densidade.
Editora:
Dom Quixote | Local: Lisboa | Edição/Ano: 2ª, Jun 2003| Impressão: Gráfica
Manuel Barbosa | Págs.: 284 | Capa: Atelier Henrique Cayatte | ISBN: 972-20-2412-4
| DL: 197017/03 | Localização: BLX OR Rom-Por ZAN (80016119)
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