"Se há regras para saber viver, são certamente elásticas, porque viver não me parece que seja uma ciência exacta." p. 54
Esta foi a minha segunda incursão na escrita de Ana Zanatti
e, não obstante a importância que lhe reconheço no tratamento de temas
relacionados com a temática LGBT, creio que não voltarei à mesma.
Há uma máxima anglo-saxónica da escrita que é show, don’t
tell. Ora, a escrita de Zanatti é o oposto: relata e descreve, sobretudo as
personagens, mas não nos demonstra como é que as mesmas agem em contexto ou em
interacção umas com as outras. E este é um tipo de escrita que não me apela,
pois não consegue cativar-me e seduzir pelas tais personagens.
Neste livro, não existe enredo. É-nos descrita uma situação:
seis mulheres e três homens reúnem-se, durante uma ou duas horas, numa livraria
para falar sobre as suas relações, falhadas, e assim tentar perceber e corrigir
atitudes, numa tentativa de transformar os seus futuros. Este é suposto ser um
momento libertador e consequentemente transformador, no entanto, como essa
transformação só se pode constatar a posteriori e não tendo acesso à mesma, deixa-me,
enquanto leitora, uma sensação desagradável de inconsequência.
A escrita de Zanatti é límpida e acessível, o que torna a
leitura agradável e rápida. No entanto, deixa também uma sensação de
superficialidade na abordagem de temas, que na verdade são bastante complexos e
pedem uma maior profundidade e amplitude de tratamento. E é esta (aparente) incoerência
que me faz, de momento, não desejar voltar à sua escrita.
Editora:
Guerra e Paz, SA | Local: Lisboa | Edição/Ano: 1ª, Maio 2013 | Impressão: Publito
| Págs.: 135 | Capa: Ilídio Vasco | ISBN: 978-989-702-071-1 | DL: 358609/13 |
Localização: BLX Oli ROM ROM-POR ZAN (80241647)
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