“… mas o que é a Natureza, …, senão uma perpetua injustiça?”
(p. 212)
Clarinda e Januário são órfãos acolhidos num asilo, no qual é
ministrada uma educação “experimental”, que, embora nunca explicada, pretende
dotar os seus pupilos de valores e competências que lhes permitirão ultrapassar
as suas circunstâncias de nascimento. Só que a vontade única do benemérito
deste asilo não consegue ultrapassar os preconceitos e a ordem instaurada e
aceite por todos os intervenientes sociais. E assim, estas crianças, vêem-se
votadas ao mesmo futuro desesperançado de qualquer outro órfão ou de filho de
uma família de parcos rendimentos. Como é o caso dos companheiros de cela de Januário
e das companheiras de prostituição de Clarinda. É uma história humana em que
nos é dado perceber o que leva alguém a percorrer um caminho moral e
socialmente condenável, mas que mais não é do que uma fuga à fome e à miséria,
que os demais não querem ver e, se vendo, não agem de modo a suprimi-la.
Como sempre, Ferreira de Castro mostra-nos os homens e as mulheres
que tentam escapar ao seu destino, mas que, na maioria das vezes, são apanhados
por ele.
Editora:
Cavalo de Ferro | Local: Lisboa | Edição/Ano: 14ª, 2014 | Impressão: Tipografia Lousanense |
Págs.: 223 | ISBN: 978-989-623-182-8
| DL: 371369/14 | Localização: BLX Mar 82P-31/CAS
(80329384)
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