As
bibliotecas já há muito que deixaram de ser espaços de leitura.
São locais de promoção, de mediação, de aconselhamento, de
disponibilização (alguma consulta), mas não da leitura efectiva.
Falo inclusivamente por mim, que só leio na biblioteca por motivo de
urgência ou falta de opção.
Então
que procuram muitos dos nossos utilizadores? Um espaço calmo de
trabalho. Longe das distrações domésticas ou do bulício de outros
locais públicos. Cada vez mais profissionais dependem unicamente da
utilização de um portátil e de legação à internet para realizar
as suas tarefas e cumprir os seus compromissos. E essa é já uma
oferta básica de qualquer biblioteca pública.
Mas
poderemos oferecer mais? Acredito que sim. Não creio, no entanto,
que a maioria dos profissionais e dos espaços esteja preparado para
tal. Em termos de espaço, até que ponto disponibilizamos espaços
para, por exemplo, reuniões de trabalho ou temos sequer espaços
onde não haja o estigma do silêncio desejado. Enquanto técnicos,
estamos nós preparados para algum acompanhamento de, p.e., modelos
de negócio ou coaching de algum tipo? Dir-me-ão que essa não é a
função de uma biblioteca. Que há outros espaços com essa dinâmica
e esse core business. É verdade. Mas quando nos queremos espaços de
usufruto e utilidade de e para a comunidade em que estamos inseridos,
não será esta também uma opção de evolução?
O
que nos falta então? Enquanto técnicos, falta-nos alargar ainda
mais o nosso leque de competências ou no mínimo criar equipa
multidisciplinares. O que não está assim tão longe de algumas
realidades. Quantos dos nossos colegas de trabalho não têm, p.e.,
uma licenciatura em determinada área e uma pós-graduação em
ciências documentais. Estamos a aproveitar esse potencial de
conhecimento ou estamos simplesmente a colocar em prática as
competências inerentes às bibliotecas? Dá-se o caso que alguns
colegas não o queiram fazer. É licito e deve ser respeitado. Mas
também quantos não há que sentem que podiam contribuir para um
espaço mais dinâmico e simplesmente não há essa aposta ou essa
receptividade.
Pessoalmente,
agrada-me esse potencial de crescimento de uma biblioteca. Qual o meu
papel e o dos meus colegas nesse crescimento, ainda não sei. Mas e
se pensarmos todos um pouco sobre qual será esse papel?
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