Um dos projectos em que trabalho e que tem tido uma adesão
considerável é o Português para Estrangeiros. Os grupos de participantes são bastante
heterogéneos em idades, países de origem, experiências e expectativas. No entanto,
e embora esse não fosse o objectivo inicial, a maioria deste tem formação
académica universitária e a sua perspectiva de permanência em Portugal é
temporária, rondando habitualmente os dois anos, em ou estão a desenvolver
estudos de pós graduação ou projectos vários, muitos deles de cariz cultural.
Embora seja extremamente aliciante trabalhar com este
público, ocasionalmente questiono-me se este será prioritário? Afinal, ao
estamos a disponibilizar tempo e recursos para este não estamos a
disponibilizar para outros, quiçá, com mais necessidades de aprendizagem, por
exemplo, de competências de informática. Além destas sessões, estes utilizam as
bibliotecas como leitores ou no âmbito de outros serviços? Na verdade, podemos
constatar que a utilizam não só para trabalhar, mas também para o empréstimo de
livros, que ainda é um serviço primordial das bibliotecas. A longo prazo, o que
é que este público nos traz, uma vez que, na sua maioria, vai retornar ao seu
pais? Antes de mais, através do boca a boca, são os primeiros a divulgar o
projecto entre os seus conhecimentos. a posteriori, com o conhecimento da
língua e cultura entretanto adquiridos, acredito que sejam a melhor ponte de
comunicação do nosso pais no exterior. Sentirem-se acolhidos e perceber que têm
técnicos que estão disponíveis e receptivos é um cartão de visita e uma forma de
sermos realmente uma sala de estar da comunidade, independentemente da sua
composição.
Do ponto de vista profissional, acredito que também há espaço
para este público. Se há adesão, então há uma necessidade e um projecto que a
colmata. Então, faz sentido. Enquanto técnica dinamizadora, tem sido uma
experiência bastante enriquecedora, da qual, por vezes, apenas lamento, não
conseguir tirar maior proveito.
Maluda |
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