A
propósito das relações sentimentais das protagonistas femininas de
o apocalipse dos trabalhadores, de valter hugo mãe, e da observação
de uma leitora de como estas tinham uma visão antagónica do amor,
surgiu a questão: podemos chamar amor às suas relações? Na minha
opinião, o que ambas vivem não é amor. A única diferença é que
uma, maria da graça, tem essa ilusão e a outra, quitéria, não,
aceitando pacificamente a relação puramente sexual com o seu
parceiro.
Maria
da graça tem uma necessidade tão grande de sentir-se amada que
transforma uma atenção (aleatória) numa demonstração de afecto.
Mesmo quando essa atenção não é mais do que abuso, do que
violência. Mesmo que essa seja a única forma do perpetrador saiba
de demonstrar a atenção.
Podemos
diferenciar a intenção do amor do seu acto? O sentimento
sobrepoem-se à demonstração física? Muitos justificam assim o
exercer da violência perante outros. Mas somos seres binários,
feitos de corpo e o que quer chamem à dinâmica do/no nosso cérebro.
Somos uma simbiose e o amor deve reflecti-la. A intenção e a
demonstração têm de ser conjuntas, mesmo que não sejam únicas.
Atenção,
no sentido de, por algum motivo repararem na nossa existência, não
é amor. Amor é cuidar, nutrir, acompanhar, aceitar, estar presente,
ensinar, fazer entender. Amor não é atenção aleatória,
ocasional, apenas como forma de obter proveito próprio.
E,
depois, ainda há as diversas formas de amar...
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