“… a
maior aventura humana é dizer o que se pensa.” (p. 75)
Este pequeno volume encerra 5 contos. E
com a sua leitura encerro a minha leitura da contida obra de Nassar. Uma obra
que, tida como emblemática, porque o autor considera que escreveu o que tinha
de escrever e nada mais teria a escrever. E é exactamente esta atitude que lhe
granjeou o nome e estatuto, mas que, analisando a obra, aos olhos de hoje, fico
com a sensação de aquém. Ou seja, realmente o Lavoura
Arcaica é uma obra admirável e com inúmeras leituras possíveis. Um
Copo de Cólera apresenta-nos uma perspectiva das relações entre homem
e mulher pouco usual.
Estes 5 contos têm uma nota mais humorística
e visível intenção de depuração. Apenas o primeiro – que dá nome ao volume - é
protagonizado por uma mulher, uma jovem púbere, oscilando entre a inocência, as
incoerências dos adultos e a descoberta – sem juízos - do seu corpo. Todos os
demais são protagonizados por homens. Nos dois últimos, as mulheres não estão
sequer presentes. Mas o papel
da mulher nas histórias de Nassar foi algo que me intrigou e creio ter
chegado a uma conclusão. Nas relações homens-mulheres apresentadas a mulher é
sempre um objecto de subjugação, como se estas fossem o único meio dos
protagonistas exercerem algum tipo de poder e assim sentirem-se machos alfa.
Mais, estas são sempre mais jovens. Ou seja, há sempre a relação e um homem
mais velho que se deslumbra (à falta de melhor palavra) pela juventude e depois
a despreza pela sua imaturidade e inconstância. E a sensação que me fica é que
estes homens querem relações subjugáveis, mas depois não têm, ainda assim,
poder para tal.
Editora:
Cotovia | Local: Lisboa | Edição/Ano: Out. 2000 | Impressão: Tipografia Guerra
| Págs.: 82 | ISBN: 972-8423-92-6 | DL: 156134/00 | Localização: BLX Galveias
082742 (00407266)
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