Bibliotecas: que oportunidades estamos a perder?

Cada vez mais, vejo o crescimento de ofertas comerciais na área da denominada biblioterapia, da escrita criativa, seja enquanto ferramenta de entretenimento, aumento de competências na língua materna e até o seu efeito terapêutico, coaching literário, comunidades de leitores, entre outras. Se há oferta comercial é porque há quem esteja disposto a pagar por estes serviços. Muito bem, nada contra. Óptimo.
Mas porque é que não vemos esse tipo de serviço oferecido nas bibliotecas? E pelas bibliotecas? À partida temos os técnicos, o espaço e os materiais necessários. E serviços gratuitos, o que é sempre apelativo para o público.
Então o que nos impede de assumir a capacidade para o oferecer?
Não me digam que é necessária qualquer formação médica, uma vez que os exemplos nacionais actuamente mais mediáticos a formação mais próxima que têm é de coaching, sendo que os mesmos declinam qualquer responsabilidade na área da psicologia ou da psicoterapia. Se, à partida, já fazemos aconselhamento e mediação leitora porque é que não assumimos outro nível de oferta? Será por medo? Ou será porque, afinal, grande parte dos técnicos não sentirem qualquer tipo de segurança ou por não possuírem competências de relacionamento interpessoal necessários para o aconselhamento e a mediação?
Acredito que somos responsáveis por criar e desenvolver os nossos postos de trabalho. Acredito igualmente que se nos demitirmos de arriscar certas funções e projectos o mais certo é tornar-nos obsoletos nos serviços que oferecemos. Criar oferta é criar novos públicos. E eles existem. Só estão apenas à espera que os aliciemos.

Então o que nos falta ao certo? Creio que, como sempre, se reduz à gestão e à escassez de recursos humanos. Não só são necessários técnicos disponíveis para arriscar e com algumas competências base, como em número suficiente para o fazer. Quantas bibliotecas se podem gabar de ter o número suficiente de técnicos para oferecer os serviços que almejam? Acredito que muito poucas.

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