Há
leituras que se entrelaçam inadvertidamente. À primeira vista é
surpreendente, embora não deva. Porque é deste entrelaçar que se
tecem as várias nuances de uma história universal.
No
rescaldo da leitura de A Guerra não tem Rosto de Mulher, e com
vários dos seus relatos e sensações provocadas ainda a palpitar na
minha mente, dei por mim a aportar numa outra obra nobelizada1,
através deste A Terra das Ameixas Verdes. E a sensação que me
trespassou durante toda a leitura é que esta narrativa poderia muito
bem ser um verso de alguns dos relatos de Alexievitch. Um verso dos
relatos de resistência.
Esta
é uma outra história, e outra e mais outra e ainda outra, história
no feminino. A narradora (sem nome, igual a tantas outras mulheres),
Lola, Tereza e a modista são os principais eixos narrativos. Mas há
ainda a(s) mãe(s) e a avó cantadeira e a avó rezadeira. Diversas
mulheres, em diferentes fases da vida, que atravessam a vida e os
homens lutando contra as expectativas sociais, a ameaça e a
perseguição política e a morte que espreita a cada esquina.
Já
a escrita, foi uma lição. A conjugação de frases, de modo a
demonstrar emoções e sensações, foi para mim uma descoberta e uma
aprendizagem.
Título
Original: Herztier | Tradução: Mª Alexandra A. Lopes | Editora:
Difel | Local: Lisboa | Edição/Ano: 2009 | Impressão: Tipografia
Peres | Págs.: 204 | ISBN: 978-972-29-0971-6 | DL: 301028/09 |
Localização: BLX PF 81-31/MUL (…)
1) Nobel
2009, “que, com a densidade da sua poesia e franqueza da prosa,
relata o universo dos desapossados.”
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