Em Maio de 1998, a índia encetou testes nucleares, como
forma de aumentar o seu potencial bélico, no seu combate fratricida com o
Paquistão. É neste contexto que Arundhati Roy, no rescaldo da notoriedade internacional
recentemente adquirida após a publicação de O Deus das Pequenas Coisas, escreve
este texto publicado numa revista do seu país.
Quase 20 anos depois, é impossível não ler nestas linhas
a actual situação da Coreia do Norte, com as quase diárias ameaças e notícias
dos seus testes e bombas. E pensar que realmente o homem não aprende com os
seus erros. Aliás, continua a insistir na sua prossecução e que só a humanidade
maioritariamente anónima receia o inevitável desfecho. Porque, como a autora demonstra,
a Teoria da Dissuasão tem duas falhas (dai ser apenas uma teoria):
1. “Presume
um entendimento entendimento integral e sofisticado do nosso inimigo. Presume que
aquilo que nos dissuade (o medo da aniquilação) também o dissuade. (…) a
posição do bombista suicida (…) ser-nos-á algo estranho?
2. Baseia-se
no medo. Mas o medo baseia-se no conhecimento. Na compreensão das verdadeiras
proporções e escala de devastação. (…) não funciona nem consegue os níveis de
ignorância e analfabetismo que impendem sobre os nossos dois países como véus
densos e impenetráveis.” (p.14)
E nós, nos nossos cantinhos do mundo (que não é quadrado,
mas é muito bicudo) assistimos ao escalar dos testes e das ameaças, pouco
veladas, de um futuro sem futuro. O fim está perto. Pelo menos, assim parece. E
sentimo-nos impotentes, porque o nosso potencial de acção é quase inexistente
ou inconsequente. Mas somos cientes que seremos vítimas das inconsciências inconsequentes
de líderes mundiais ignorantes.
Título Original: The End of Imagination
(1998) | Tradução: Teresa Casal | Editora: Asa II | Local: Porto | Edição/Ano: 1ª,
Set. 1999 | Impressão: Divisão Gráfica | Págs.: 48 | ISBN: 972-41-2111-9 |
DL: 138360/99 | Localização: BLX DR5066927 (0926079)
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