As instituições
são marcadas por lideranças passageiras e engane-se
quem pensa o contrário. Mesmo que os seus atores pretendam alonga-la o mais
possível no tempo, esta nunca deixa de ser passageira. E os raros casos de longevidade
devem-se muitas vezes nem sempre à competência, mas há falta de alternativas.
Uma outra
característica destas lideranças é o iniciático estado de graça. Mais ou menos
breve, mas nunca duradouro. E é raro o caso em que se sai de funções neste
estado. Regra geral sai-se em desgraça.
O que,
regra geral, muitos não entendem, ou fingem não entender, é que há lideranças
que têm poucas hipóteses de qualquer momento de graça sequer. Estão, apesar,
não direi da competência, mas de qualquer esforço ou vontade, fadadas ao
aparente falhanço. Como em tudo na vida, nem sempre somos ineptos, mas as circunstâncias
negativas e/ou opressivas, cuja duração é indeterminada, conferem uma
apreciação negativa dessa liderança. Mas esses líderes têm afinal algum mérito:
o de garantir a própria continuidade, por vezes legal, dessas instituições. Porque,
quando as conjunturas são favoráveis, não falta quem queira assumir a
liderança. Quando não são, todos olham de lado, assobiam e afastam a água do
capote.
É fácil
apontar culpas. Sim, é mesmo muito fácil. O difícil é ter a hombridade de
respeitar quem assumiu o papel inglório de liderar quando o mais que se poder
fazer é manter o barco à tona. Quando a maré muda, lá estão os dedos a apontar
o mau estado do barco. Mas se este não afundou a alguém se deve. E esse esforço
raramente é reconhecido, porque esse reconhecimento implica que assumir que
quem rodeia o líder também não esteve há altura do desafio.
Ruminant Reserve |
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