Esta
foi uma leitura surpreendente, não por ser um livro excepcional, mas
porque nos oferece uma história. Pura e simplesmente uma história.
E por vezes, gostamos de ler apenas uma história. Sem tramas
complexas, apenas o desenrolar do que seria o quotidiano de pessoas
reais, se fossem personagens. Sem um discurso pretensioso, que os
críticos por vezes consideram poético, apenas porque não há a
coragem de admitir que é apenas confuso ou mal construído. Uma
construção e conjugação de episódios eficaz, em consonância com
o desenvolvimento intencional e emocional dos personagens. Ou seja, é
um produto da escola anglo-saxónica de escrita criativa bem
conseguido. E isso não é demérito nenhum. Tomara muitos escritores
(e aspirantes) dominarem deste modo os diversos recursos estilos de
modo a materializarem as suas narrativas. Poderia ainda ser ter um
estilo mais profundo. Sim, poderia. Mas não menosprezemos este tipo
de história e tiremos as devidas lições.
Sobre
a história - muito cinematográfica - propriamente dita, relata a
experiência de mulher que, após uma queda, perde a memória dos
últimos 10 anos. Há medida que se apercebe da sua nova realidade, e
que a sua actualidade nada tem a ver com as memórias que realmente
possui, vai colocando em perspectiva algumas das suas opções e
relações, o que contribui para um novo e inesperado crescimento
individual. No final, comme il faut, tudo acaba bem, mas não de forma gratuita.
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