Assisti,
esta semana, à iniciativa “O que vamos ler em 2018? Receitas para leitores
atentos?”, promovida pela Associação Nacional de Farmácias e que decorreu no,
muito interessante, Museu da Farmácia, no Largo do Calhariz. Além de uma
apresentação de sugestões de leitura, o encontro foi antecedido por um debate moderado
por Luís Caetano (quando for grande quero ter esta capacidade de expressão, de
articulação, de timming), sobre a edição, entre diversos editores nacionais, a
saber: Diogo Madre Deus, pela Cavalo de Ferro; Mª do rosário Pedreira, pela
Leya; Manuel Alberto Valente, pela Porto Editora; Francisco Vale, pela Relógio
d’água; e Barbara Bulhosa, pela Tinta da china.
Como
seria de esperar, foram abordadas questões como o mercado da edição, as experiências
e apostas de cada editor, os hábitos de leituras nacionais, as perspectivas de futuro…
bem o habitual. E não é que o habitual não tenha importância. Tem.
A
minha questão é: porque é que nunca vejo um debate entre editores que aborde a
questão da promoção da leitura? Ou seja, falam sempre dos (baixos) hábitos da
leitura dos portugueses e das perspectivas poucos animadoras para o futuro
devido à cada vez maior abrangência das tecnologias no nosso quotidiano. De quando
a quando vem à baila a importância do Plano Nacional de Leitura e as incoerências
e/ou incongruências. Mas o certo é que, até ao momento, nunca vi um editor que
afirmasse algo do género: a nossa editora está a desenvolver um plano
estratégico, em parceria com a instituição y, no sentido de apoiar iniciativas
de promoção da leitura.
E não
nos enganemos. As suas estratégias de promoção (comercial) do livro não são
estratégias de promoção da leitura. São estratégias de mercado.
Porque
é que nestes debates nunca vejo representadas as bibliotecas? Seja pelos seus
responsáveis, seja pelos seus técnicos. Aqueles que quotidianamente fazem um
trabalho sistemático de promoção do livro, da leitura e das literacias e que
tem perspectivas diferentes sobre os hábitos de leitura dos portugueses. Na prática,
e em última análise, os editores ganham, ainda que a longo prazo, com o nosso
esforço, empenho e dedicação. Mas raramente os vejo ter uma palavra de apreço. Esquecem-se
que se têm o público que têm, o devem muito a nós. Esquecem-se que, se o nosso
trabalho cessar repentinamente, são eles que mais perdem a curto prazo. Mas a
longo prazo, perde toda uma sociedade. E isso sim, é uma perspectiva negativa
de futuro.
Então
e que tal partilhar esforços e responsabilidades na criação de hábitos de
leitura para o futuro? Pensem nisso, senhores editores… Agradeço!

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