Entre o céu e o chão, Nuno Camarneiro constrói modernas torres de babel para ensaiar o voo dos pássaros
Ainda
a reflectir sobre a escrita de Nuno Camarneiro, denoto algumas imagens recorrentes,
o que me suscita algumas divagações.
O céu nunca é divino, tal como debaixo do
chão não existe qualquer inferno. O chão
é o quotidiano pelo qual o homem percorrer os seus dias e o amparo possível dos
seus sonhos. Sonhos de ascender ao céu, não maiúsculo, mas que acolhe o voo.
Os pardais sãos os pássaros de eleição. Ensaiam o voo, mas não chegam mais além do que
as suas pequenas asas permitem. Por isso, desde sempre, o homem desenha edifícios que o levem o mais alto
possível e assim sentir o vento e o horizonte imenso. Nessa construção
juntam-se várias linguagens, entre
as quais a dos números que unem e
ordenam, peças, materiais e o sentido da ascensão. Exosqueletos orgânicos, extensões do corpo que colmatam a sua
notória falta de estrutura.
A babel de qualquer grande metrópole onde
se confundem vozes de passados e futuros, escuros medos e luminosa esperança. Num
tempo, ora definido, ora pessoal,
ora observado, ora sentido, sempre entrelaçado e indissociável.
Daniel Rueda & Anna Devis |
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