As bibliotecas
públicas recebem diariamente muitas situações de desamparo social, sendo uma
das mais complexas a dos sem-abrigo. Enquanto técnicos, procuramos no dia a dia
que vejam este espaço como um porto seguro, de acolhimento e liberdade, em que
são aceites sem juízos e sem diferenças de tratamento relativamente aos demais
leitores. É claro que isso nos coloca perante desafios constantes. Porque a
igualdade de tratamento porque todos pugnamos entra em conflito com situações
de manifesta falta de higiene, embriaguez ou intoxicação com substâncias que só
podemos adivinhar.
Os serviços
competentes a quem recorremos nem sempre dão uma resposta atempada. O que nos
deixa um sentimento de impotência perante (demasiadas) situações. E quando o
apoio surge, infelizmente constatamos que a maioria das situações estão
sinalizadas e as pessoas em questão já estão para além de alguma da ajuda
possível. Porque não querem ou porque já não sabem o que é querer. Só já sabem
a dependência que os suga como um buraco negro.
Recentemente,
na sequencia de um pedido de apoio, foi-nos facultado o folheto, cuja imagem
disponibilizo. Talvez muitos técnicos já o conheçam, bem como as respostas que apresenta.
Mas como acredito que essa informação nem sempre se chega a todos, partilho-o
na esperanças que a sua utilidade se replique.
Para
nós já foi útil, não só pela segurança que nos dá saber exactamente a quem
recorrer em caso de necessidade. Como também na capacidade real de dar
respostas necessárias a quem frequenta a nossa biblioteca. Colocamos diversas
cópias do folheto em locais de visibilidade para consulta da informação, mas
também disponibilizamos em locais em que poderia ser recolhido discretamente. Uma
acção tão simples, mas pela qual já recebemos um agradecimento inesperado.
É um
exemplo de que as pequenas, as pequeníssimas acções importam. O pouquíssimo que
possamos fazer pode muito bem ser o mínimo que permite um outro manter-se à
tona.
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