Os sem-abrigo e as bibliotecas: respostas possíveis em Lisboa

As bibliotecas públicas recebem diariamente muitas situações de desamparo social, sendo uma das mais complexas a dos sem-abrigo. Enquanto técnicos, procuramos no dia a dia que vejam este espaço como um porto seguro, de acolhimento e liberdade, em que são aceites sem juízos e sem diferenças de tratamento relativamente aos demais leitores. É claro que isso nos coloca perante desafios constantes. Porque a igualdade de tratamento porque todos pugnamos entra em conflito com situações de manifesta falta de higiene, embriaguez ou intoxicação com substâncias que só podemos adivinhar.
Os serviços competentes a quem recorremos nem sempre dão uma resposta atempada. O que nos deixa um sentimento de impotência perante (demasiadas) situações. E quando o apoio surge, infelizmente constatamos que a maioria das situações estão sinalizadas e as pessoas em questão já estão para além de alguma da ajuda possível. Porque não querem ou porque já não sabem o que é querer. Só já sabem a dependência que os suga como um buraco negro.
Recentemente, na sequencia de um pedido de apoio, foi-nos facultado o folheto, cuja imagem disponibilizo. Talvez muitos técnicos já o conheçam, bem como as respostas que apresenta. Mas como acredito que essa informação nem sempre se chega a todos, partilho-o na esperanças que a sua utilidade se replique.
Para nós já foi útil, não só pela segurança que nos dá saber exactamente a quem recorrer em caso de necessidade. Como também na capacidade real de dar respostas necessárias a quem frequenta a nossa biblioteca. Colocamos diversas cópias do folheto em locais de visibilidade para consulta da informação, mas também disponibilizamos em locais em que poderia ser recolhido discretamente. Uma acção tão simples, mas pela qual já recebemos um agradecimento inesperado.

É um exemplo de que as pequenas, as pequeníssimas acções importam. O pouquíssimo que possamos fazer pode muito bem ser o mínimo que permite um outro manter-se à tona. 


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