Como
já é hábito, os livros de Patrícia Reis leem-se rápida e
facilmente. O que não quer dizer que, por vezes, não fiquem a
remoer-se. Embora, creia que não seja o caso deste Amor em segunda
mão. O porquê do título é simples: as relações e experiências
amorosas retratadas revelam que o amor raramente é uma primeira conquista. Por vezes, só depois de um amor falhado ou
incumprido, se pode e se aprende a amar comme il faut. Or as you
like it.
Este
romance apresenta-nos, como a Patrícia também já nos habituou, um
mosaico de personagens, dos quais nos é dada uma primeira
perspectiva. Como se de um lado de um cubo mágico se tratasse. Uma
perspectiva supercficial e escassa. Segue-se uma segunda perspectiva,
digamos que de uma lateral do cubo, mas ainda insuficiente. Porque
se, por um lado nos justifica a escolha do título, por outro ainda
nos deixa perante muitas perguntas sem reposta sobre este mosaico de
personagens, todas com algum tipo de ligação entre si. E aqui, e a
grande surpresa do livro, é que este nos leva, por último, ao
passado das personagens, dando-nos algumas chaves de compreensão do
seu presente e das suas escolhas. Como se pudéssemos ver um qualquer
lado posterior do cubo. Uma terceira dimensão. Que uma vez mais não
nos diz tudo, mas responde a muito. E se alguma coisa falta, o que
não me parece, pois é exatamente a parte dos livros da Patrícia
que nos fica a remoer, é como gostaríamos de aceder ainda ao
intrincado interior do cubo, à estrutura onde se conjugam
possibilidades e condicionantes. Mas isso talvez esteja apenas na
mente da autora ou seja pana para outros textos.
Editora:
Dom Quixote | Colecção: Autores
de lingua portuguesa | Local: Lisboa | Edição/Ano:
1ª 2006 | Impressão: Guide Ag | Págs.: 186 | Capa: Atelier Henrique Cayatte, sobre pintura The Lovers, de René Magritte|
ISBN: 972-20-2968-1
| DL: 237090/06 | Localização: BLX PG 82P-31/REI
(80141596)
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