O
Bairro Amélia (BA) é um bairro ficcional situado na Margem Sul do Tejo, que
serve de cenário à primeira obra de Bruno Vieira Amaral (BVA). Mas o BA não se
restringe a esta localização. O BA é transversal a muitas vivências à margem da
urbe lisboeta. O BA é um state of mind geográfico-geracional. Chama-se BA, mas
poderia muito bem chamar-se Praceta Ferreira de Castro (e algumas ruas
contíguas), onde conheci muitas destas personagens – com outros nomes, é claro –
e cresci com muitas destas referência e idiossincrasias[1].
BVA
é o seu cartógrafo, num laborioso trabalho de fixar as biografias dos seus inúmeros
habitantes. Habitantes de uma geração nascida na década de ’70 e que se fez
adulta na década de ´90 (e um pouco mais). Uma geração que olha para estes
espaços como o invólucro que alberga os seus fantasmas, em que a única
tecnologia possível para os recuperar é através da memória, porque a memória é
afinal a base d’”o que tu és” (p. 283). E este é o ”dicionário incompleto, este inventário amputado
de sonhos, memórias, fontes impressas ou descrições sem sentido” (p. 57)
dessa geração, mas também uma homenagem sentida à geração anterior. a geração “com
a esperança de que fosse apenas uma passagem, um interlúdio de sacrifício numa
narrativa épica de ascensão, e tinham demorado uma vida interira para perceber
que aquela era a última estação e os seus filhos nunca perceberam que tinham
subido fincando os pés nos lombos sofridos dos seus pais.” (p. 237)
Por isso, o BA é em todo lado, e todos somos apenas
uma das suas possíveis histórias. Um misto de “sofrimentos escusados e alegrias
supérfluas.” (p. 198)
Editora: Quetzal | Colecção: língua
comum | Local: Lisboa | Edição/Ano: 1ª, out 2013 | Impressão: Bloco Gráfico, Lda. | Págs.: 297
| Capa: Rui Rodrigues | ISBN: 978-989-722-212-7 | DL: 363114/13 |
Localização: BLX Oli (80343966)
[1]
Quase sempre em nota de rodapé. porque a vida, mais do que uma narrativa, é o
apontamento das circunstâncias que a condicionam.
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