Actualmente,
as redes sociais podem ter o maior dos impactos na nossa vida
profissional. Seja porque nos levam ao próximo empregador ou
funcionário, seja porque podem ser motivo de despedimento e/ou
processos disciplinares. É importante perceber que, como qualquer
outra ferramenta de comunicação, as redes sociais são uma faca de
dois gumes, que tem de ser utilizada com consciência, cautela e
respeito.
Muitos
de nós tem páginas em redes sociais e não faz qualquer separação
entre o que quer dessa página, se pessoal, se profissional. Essa
dúvida é normal. Somos uma única entidade (tentamos) e é normal
que queiramos partilha diversos aspectos da nossa vida. Somos
extremamente inaptos em compartimentar. E ainda bem. Mas somos ainda
mais inaptos em perceber que muito do que acontece na nossa vida, não
acontece só connosco. Acontece com demais pessoas e essas podem não
querer ser expostas. Com todo o direito. O mesmo acontece com as
entidades que nos empregam.
Há
que perceber que parte do nosso tempo é, senão propriedade,
usufruto de uma entidade. Entidade essa que tem normas de conduta e
imagem que quer preservar e que pauta contratos e/ou acordos tácitos.
Diz um ditado popular que não devemos morder a mão que nos dá de
comer. (Há um outro mais escatológico e mais impactante.) Mas a
verdade é que devemos perceber que há informações e situações
profissionais que não são divulgáveis. E no caso de nos sentirmos
injustiçados, há locais e instituições próprias para o efeito.
Tal como, embora seja mais fácil de dizer do que de fazer, caso não
nos identifiquemos com a imagem e ou conduta de uma empresa, a porta
da rua é serventia da casa.
A
verdade é que hoje, cada um sabe de si e as redes sociais sabem de
todos. Culpa de todos que a alimentam sem ponderação e/ou noção
das consequências. Mas também é verdade que a antiga máxima de
que à mulher de César não basta ser, tem de parecer continua
actualissima.
Mas,
por outro lado, e quando as instituições lucram com a eventual
visibilidade dos seus funcionários nas redes sociais? Aliás, não é
à toa que empresas fazem contratos com celebridades de modo a que o
halo destas beneficie a imagem e/ou os seus lucros. Mas, num contexto
mais quotidiano, o que dizer de quando um funcionário, não tendo
sido contratado com esse fim especifico, beneficia a imagem da
instituição, quer em termos de visibilidade, quer em termos de
credibilização. Não deveriam esses mesmos funcionários receber
outro tipo de valorização. Que tipo de valorização é talvez
complexo de aferir e dependeria, em última análise, da estrutura e
normas que regem cada instituição, mas também da sensibilidade de
cada responsável.
Nos
últimos anos, tem feito a escolha consciente de que a minha presença
nas redes sociais seja sobretudo um reflexo da minha experiência
profissional. Tenho noção de que tal poderá ser um pouco ridículo,
pois apesar de pautar essa mesma presença de modo a não colidir com
as orientações do código de conduta do funcionário público, em
última análise tenho sempre a sensação de que não o deveria
fazer. Mas também sinto que o mesmo acaba por colidir igualmente com
uma série de objectivos profissionais que nos são colocados,
objectivos esses cujo cumprimento beneficia dessa mesma presença nas
redes sociais. Questiono-me constantemente se estou ou não a
ultrapassar limites ou se estou simplesmente a rentabilizar meios e
ferramentas e onde é que se encontram esses limites. Sabendo de
antemão que as estrutura das entidades do estado ainda não estão
adaptadas a esta nova realidade. E uma coisa é certa: faço todo o
possível para não colocar em causa, mas sim beneficiar, um trabalho
que me acrescenta como pessoa e que acrescenta quem dele usufrui.
Tendo em mente que o público, esse sim, é, em última analise, a
quem me dirijo e é ele que pauta o meu desempenho profissional.
Daniel Rueda & Anna Devis |
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