O
que é a corrente de consciência (stream of
consciousness)?
Expressão
nascida na área da psicologia com William James, em Principles of
Psychology (1890) e que, utilizada num contexto literário, se refere
a um método narrativo relacionado com momentos significativos de
instrospecção, que se podem combinar, em muitos casos, com
monólogos interiores. Literalmente, traduz-se por fluxo da
consciência, mas a sua aplicação literária deve obrigar a outros
significados, por isso se recomendando a referência à expressão
original da psicologia. Supõe-se que num mesmo momento vários
níveis de consciência se misturam numa corrente de sensações,
pensamentos, memórias e associações. Para descrever este momento,
esta corrente de consciência, é necessário fazer-lhe corresponder
uma corrente de palavras e imagens tão próximas quanto possível da
variedade de elementos que atravessam a mente humana. Desta forma,
pretende-se que o leitor assista, em primeira-mão e sem
interferência do narrador, ao fluir das sensações e pensamentos
das personagens. (...) (in
E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia:
http://edtl.fcsh.unl.pt/business-directory/6376/stream-of-consciousness/
Desafio:
O
participante, sem qualquer tema dado, começa a escrever o que a sua
consciência dita. De x em x tempo, o dinamizador dita uma palavra
que tem de ser incluída no texto que está a ser escrito. Se é
inclusão é feita de forma “lógica” ou não, fica ao critério
do participante. Podem-se utilizar quaisquer palavras que queiramos,
podendo sempre ser alteradas e selecionadas para reflectir temas
específicos ou emoções. O exercício não deve exceder os 2
minutos, para participantes já com alguma pratica, e ter um mínimo
de 1m15, com as palavras a serem introduzidas a cerca de cada 15/20
segundos.
Exemplos:
- Nem chove, nem faz sol. Que nóia, nem sei o que vestir esta noite. Casaco curto, comprido. Será que vai estar muito frio ou ameno. Se ao menos fossemos à biblioteca. Mas é surpresa. Ui já que esquecia, tenho o frigorífico vazio.
- Vamos lá a isto, o que será que vem aí? Uma estrela, um sol, uma lua incandescente. Não sei, caramba, que raiva que isto me dá. Vou lá fora ver se está noite ou já é dia. Estou com fome já comia um frango assado e umas batatas também já marchavam.
Observação
/ conclusão:
Enquanto
participante, os textos que produzo podem já não ser vistos pelo
dinamizador como exemplos de corrente de consciência. Primeiro,
porque já sei ao que vou e já não entro desprevenida no exercício.
Depois, porque, no início do meu percurso profissional, tive uma
experiência redactorial em que tinha frequentemente de produzir
textos lógicos e coerentes num curto espaço de tempo, prontos a
publicar. Não seriam textos extraordinários, mas seriam textos
lógica e gramaticalmente correctos.
Como
dinamizadora, este é sempre um exercício interessante e a que os
participantes, embora atrapalhados e com dúvidas, aderem bem. Gosto
de o deixar para o final das sessões, optando por que o resultado
não seja lido em voz alta. É um texto para o participante reflectir
sozinho.
Stefan Draschan |
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