Durante o
processo de luto do seu companheiro de 21 anos, a autora deparou-se com o curto
diário de Marie Curie em que esta deposita os desabafos relativos à morte do
marido, Pierre Curie. Perante esta #coincidência, a autora efectua diversas
reflexões, não só sobre a morte e o modo como os vivos lidam com ela, mas
sobretudo sobre o papel da mulher na sociedade, tendo como base a vida única da
cientista de origem polaca – e tudo o que esta teve de encarar e ultrapassar para
chegar ao patamar de notabilidade que atingiu – e tecendo algumas comparações
com o que actualmente possa ser o papel da mulher.
É um livro
extremamente interessante por diversas razões. Primeiro, por nos dar a conhecer
a peculiar vida de Marie Curie, os seus obstáculos, as suas vitórias, mas
também o vislumbre da mulher para além da cientista. Depois, por, de modo muito
simples e sentido, expor a sua experiência de luto. Uma experiência tão íntima
que nem sempre é possível verbalizar de modo estendível para os demais. E nesta
sua reflexão saliento a ideia tão verdadeira que subjaz ao título e a noção de
que, após um processo de luto, não voltamos a ser os mesmos, mas
reinventamos-nos, de modo a prosseguir e integrar essa perda. Por último, há uma
constante ponderação sobre o papel da mulher, e, claro, do homem, na sociedade e
o modo como as expectativas e pressões se têm alterado ao longo do tempo, de
tal modo que, actualmente, não há qualquer clareza de papéis, seja para quem
for. e se por um lado essa circunstância pode ser libertadora, no sentido de
permitir todas as possibilidades. por outro, pode ser igualmente confusa e
inibidora, porque não há nenhuma linha orientadora de suporte para ninguém.
Título Original: La ridicula idea de no
volver a verte | Tradução: Helena Pitta | Editora: Porto Editora | Colecção: |
Local: Lisboa | Edição/Ano: Agosto 2015 | Impressão: Bloco Gráfico | Págs.: 175
| Capa: Manuel Pessoa | Ilustrações: fotos | ISBN: 978-972-0-04712-0 | DL:
585437/14 | Localização: BLX PF 82-94/MON (80399936)
Comentários
Enviar um comentário