Este livro
resulta de 3 relatos que se cruzam, fazendo exponenciar a(s) perspectiva(s)
sobre um acontecimento que marcou duas personagens: Júlia e Catarina. Júlia foi
vitima de violência por parte do namorado e transporta em si o trauma que dita
a maioria das suas acções, presentes e futuras. Catarina, ainda em criança, é
apanhada nesse turbilhão e regista também em si o impacto desse trauma inicial,
que ditará também as suas acções e a levará a explorar limites.
O protagonista
do segundo relato é Marcelo, um escritor auto-recluso, que recebe o manuscrito
do primeiro relato e constrói uma imagem de vítima para a agora jovem mulher
Catarina. Chama a si o papel de vingador de um putativo trauma, que não sendo
dele, nem se sabe se realmente é.
Por último temos
David, herói do terceiro relato, onde, uma vez mais, se acrescenta outra perspectiva
ao acontecimento inicial, através do impacto a posteri e em terceiros. David,
apesar da sua tenra idade, percebe que o lastro do trauma da mãe é constrangedor
e tenta libertar-se, e à mãe, das suas amarras. Ou, pelo menos, afrouxá-las.
A premissa do
livro é interessante: o impacto e consequência – a longo prazo e em terceiros -
do trauma físico. No entanto, há elementos – como o protagonista do segundo
relato - que creio não acrescentam muito à ideia inicial e até são um dispêndio
esforço, que poderia ser canalizado no aprofundamento das personagens Júlia e
Catarina. É claro que este personagem tem o seu relevo: permite um jogo interessante
entre a figura do escritor e narrador. No entanto, creio que este jogo afasta a
narrativa do seu maior ponto de interesse: como é que estas duas mulheres lidam
e gerem os acontecimentos e consequências do seu trauma. Neste aspecto, a
narrativa ficou-me aquém.
Editora: D. Quixote | Colecção: | Local:
… | Edição/Ano: … | Impressão: … |
Págs.: 304 | Capa: … | Ilustrações: | ISBN: 978-972-20-6272-5 |
DL: … | Localização: … (…)
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