A minha primeira
leitura deste autor foi Eu
sou a árvore, de 2016, que se revelou uma muito agradável surpresa. Saberia
que voltaria a ele, embora tivesse de dar tempo para que a próxima leitura não
ficasse influenciada por um excesso de expectativas. o tempo passou e chegou o
momento de uma nova incursão. As expectativas serenaram, até porque o livro
agora em questão foi editado pela primeira vez em 2002, e 14 anos no ofício de
um autor fazem muita diferença na maturidade que a sua escrita transparece
(idealmente).
Em O Mar por
cima existe um casal, Ruivo e Manoella. Ele polícia, ela arquitecta empenhada,
mas a lutar numa área que não consegue absorver todos os seus técnicos. Vivem
uma vida modesta, sem grandes ambições para além de um quotidiano estável e
confortável. O grande tropeção na sua relação é causado por um incidente
profissional de Ruivo, cujo afastamento temporário da polícia o leva à terra
natal, os Açores. Aí, confronta-se com a continua realidade de uma terra e de
uma cultura insular que pouco ou nada tem para oferecer aos seus jovens,
excepto a perpetuação da pobreza e falta de expectivas e ambição. é aí também
que revisita a memória de David, um jovem do continente que foi seu vizinho por
alguns tempos ainda na sua infância. apesar deste ser mais velho, entre os dois
estabeleceu-se uma amizade que o iria marcar para sempre. Não tivesse David
sido o seu primeiro beijo e suicidado logo a seguir.
Este livro tem
diversas situações interessantes, como a exploração do impacto da incompreensão
do final de uma relação ao longo da vida, um certo zeitgeist juvenil e algumas
imagens poéticas. É um livro sobre as dores do crescimento, de um autor em
crescimento. Ainda continuo com curiosidade em conhecer a sua escrita.
Editora: Oficina do Livro | Local:
Lisboa | Edição/Ano: 1ª, Maio 2002 |
Impressão:Guide, AG, Lda. | Págs.: 240 | Capa: Mª Manuel Seixas |
ISBN: 972-8579-67-5 | DL: 180102/02 | Localização: BLX PF 82P-31/CAC
(80298676)
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