Clube dos poetas vivos #11


olho para baixo
e um buraco começa a sorrir-me
a partir da ponta do ténis esquerdo
hummm…
na verdade, há muito que o espero.
admira-me até o quão tardou.
no fim de semana, espera-me o sapateiro
para um remendo que faça perdurar
mais uns meses de quotidiano andar.
é certo que corto as unhas rentes
tão rentinhas que anual ida à pedicura
resulta na mesma observação:
mas quer que arranje o quê?
ora, os pés, com certeza!
ou seja, tudo o que permeia a unha e o tornozelo.
mas o mal é do meu andar
sempre de dedo em riste
com cautelas em pisar o chão que me surge
um alarme a acionar a minha passagem
ligado a nenhuma central
só os buracos nas meias e sapatos
assinalam a minha esquiva passagem nos dias…
Denis Cherim


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