Portugal: um porto seguro

A determinado momento de cada ciclo de Português para Estrangeiros, questiono os participantes sobre os seus projectos futuros. Sobretudo, sobre o seu eventual regresso ao país de origem. A rapidez e a perentoriedade do não são desarmantes.
Creio que todos estamos familiarizados com a vaga de emigração nacional da década de ’60 em que subsistia um desejo de regressar à terra natal num futuro, ainda que longínquo. Claro que quando esse futuro se concretizava, esse desejo era quase inexistente, seja pela falta de ligações familiares actuais no local, como pelos novos vínculos (filhos e netos) que entretanto se formavam.
No entanto, partir, logo com a ideia de não regressar, não posso dizer que seja chocante, mas surpreende-me. Turquia, Nepal, Síria, Camarões, Senegal pouco ou nada têm a oferecer a muitos dos seus cidadãos. logo, não há qualquer ideia de retorno, por vezes nem de férias, para visitar seja o que ou quem ficou. Em áreas de conflitos bélicos, talvez seja mais compreensível. Mas há outros países em que as condições sociais são tão precárias que o retorno se torna improvável.
Com todos os nossos defeitos e idiossincrasias, Portugal, enquanto país de acolhimento, é considerado seguro, tolerante, acolhedor, com um clima agradável, e com consideráveis quantidades de oportunidade, senão para sí, para a próxima geração.
É assim que recebemos pessoas ávidas de conhecer melhor a língua e o país, para melhor interagir e se integrarem. Pessoas cujo sonho não é exactamente um el dorado, mas sim um porto seguro.

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