A Voz secreta das mulheres Afegãs: O suicídio e o canto, Sayd Bahodine Majroub

Percorria eu ainda as páginas finais do Caderno Afegão, de Alexandra Lucas Coelho, e enquanto tentava compreender todas as implicações e limitações da condição da mulher na cultura afegã, quanto a minha visão periférica se cruzou com a capa deste pequeno volume. Foi inevitável lê-lo.
Sob a tradução para português a partir do francês, este pequeno volume apresenta uma recolha e uma breve análise de diversos landay “escritos” por mulheres afegãs anónimas de origem pashtun. O landay é um pequeno poema oral para ser cantado, de dois versos com 9 ou 13 sílabas e sem rima obrigatória. Regra geral, o landay não é uma criação feminina. Mas na sua condição, à mulher pashtun cabe todo o tipo de obrigações domésticas, entre as quais a do cultivo dos campos, e é neste espaço de convívio com outras mulheres, e de algum afastamento dos homens, que ela encontra no canto o escape possível à sua condição. E é ai que de forma singela encontra a voz para materializar o amor, que embora lhes seja vedado através de casamentos impostos e dispares, ainda assim germina às escondidas de tudo e de todos e cujo castigo final, no caso da mulher na tradição tribal, é a morte. Assim, o canto e o perigo sempre presente da morte são a resistência máxima das mulheres pashtun.
Título Original: Le Suicide et le Chant | Tradução: Ana HAtherly | Editora: Cavalo de Ferro | Local: Lisboa | Edição/Ano: 2ª, Mar 2005 | Impressão: Graf. Manuel Barbosa e Filhos, Lda. | Págs.: 88 | Capa: Sushie 2005 | ISBN: 972-8791-76-3 | DL: 221193/05 | Localização: BLX PF 82-1/MAJ (80104312)

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