Estava a preparar-me para escrever um texto sobre os 20 anos
que se completam este ano sobre a conclusão da minha licenciatura. Em especial,
alguns momentos desse verão que perduram na minha memória.
Essa intenção caiu por terra com a notícia de que alguém
partiu cedo demais. Inevitavelmente, a estes 20 anos acrescentaram-se mais uns
7 e recuei ao 10º ano. Foi nesse período que a Vanessa entrou nas nossas vidas.
Na minha e da Carla e da Susana, cuja amizade leva uns anos de vantagem, mas
não de importância. Criou-se então um pequeno grupo de 4 que apesar do tempo e
da distância sempre se acompanhou, apoiou e foi reencontrando.
Como calculam, fiquei sem palavras e com o coração
pequenino. Volto constantemente à memória de uns meses atrás, quando passámos
um dia feliz em sua casa, numa alegre cavaqueira em família. Misturámos
recordações, coscuvilhices, alguns projectos e expectativas e a promessa de um
novo encontro. Claro que falhámos essa promessa. Ou não. Reencontramos-nos
realmente, mas de forma totalmente indesejada.
Nestes dias senti necessidade de abrandar. E durante este
abrandamento fui buscar mais uma cadeira para colocar à mesa das ausências. Não
deveria ser já, não deveria ser deste modo. Mas a morte nada tem de justo, de
merecido ou de justificável. É apenas assim. Inexplicável perante o nosso parco
vocabulário. Talvez só mesmo Deus tenha os melhores à Sua mesa eterna. Sendo
ela bastante crente, espero que assim seja.
Todos nós ficámos marcados pela sua presença e essa marca perdurará
felizmente muito para além destes dias embaciados em que estamos todos a
aprender a gerir a sua ausência. Agora, o meu pensamento vai para com a família
Arruda, que terá de aprender a viver com a indentação irreparável da sua ausência
física.
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