Deparei
me recentemente com a expressão profissionais de ajuda, aplicada nas
áreas da saúde e do ensino. Neste contexto, esta expressão
significa que estes profissionais, para além da componente técnica, caracterizam-se por uma forte
vertente humanista e cuidadora. Neste sentido, é-me impossível não
enquadrar os bibliotecários nesta categoria dos profissionais de
ajuda.
Sem
esquecer os tradicionais atributos a esta profissão - de gestão de
informação -, mas remetendo-os para um segundo plano, esta torna se
assim a principal característica do actual profissional
bibliotecário.
No
quotidiano de atendimento de uma biblioteca, por um lado, lidamos com
leitores cada vez mais autónomos, o que nos alivia algumas das nossas
funções relativas ao nosso core business, o livro. Por outro,
existe uma gama de utilizadores cujas necessidades vão muito para
além das necessidades de informação. Vão desde as necessidades de
formação, que é já uma vertente felizmente bastante veiculada e
disponibilizada nas bibliotecas, até às necessidades de atenção,
compreensão e eventual encaminhamento, não exactamente para
informação, mas para outros serviços.
Ou
seja, acima de tudo tem de estar o factor humano, a capacidade de empatia e a procura activa de possibilidades de resolução de problemas básicos na vida dos utilizadores. Mas para dar
resposta a esta vertente humana, a tradicional formação
bibliotecária (já) não é suficiente. O ideal é que a equipa que
dinamize uma biblioteca seja multidisciplinar, uma vez que ninguém
consegue dar conta de todas a paleta de possibilidades de resposta e
porque, em teoria, em equipa o resultado é superior à soma das
partes. A pluralidade e transversalidade de respostas que nos
são solicitadas só se obtém com a disponibilidade e diversidade dos
técnicos. Este é o caminho. Nem sempre óbvio, nem sempre
compreendido, nem sempre aceite de bom grado, mas, ainda assim, o
caminho dos profissionais de ajuda.
@ Cultura Inquieta |
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