As desvantagens de se organizar uma actividade cultural em Lisboa


Michael Vincent Manalo

Por vezes, quem reside e trabalha noutra geografia tem tendência a pensar que, no que diz respeito à adesão, tudo o que é realizado em Lisboa tem instantaneamente público garantido. Mas desenganem-se... creio até que se torna mais complexo captar e garantir públicos na grande cidade do que em outras zonas. Esta situação não tem uma explicação única, são diversas que, quando conjugadas, resultam nesta dificuldade.
Uma das constatações é que existe uma tal diversidade de oferta que, não raro as vezes, se dá a sobreposição, impedindo a adesão a mais do que uma iniciativa e obrigando, claro está, ao publico a tomar decisões, podendo este, em último caso, optar pela salomónica conclusão: se não vou a uma, não vou a nenhuma.
Aqui há também uma palavra a dizer relativamente à dimensão institucional da organização de uma iniciativa. Quando esta tem igualmente que garantir, p.e.) a divulgação de diversas iniciativas é inevitável que haja uma dispersão na atenção e que não haja uma única prioridade institucional. Ou seja, as atenções e intenções internas nem sequer estão todas direcionadas para uma mesma iniciativa, porque estará então o público final?
Depois há os contratempos exteriores, como: manifestações várias, cuja exigências e eventuais consequências pesam muito na vida dos participantes; as condições climatéricas; os novos cultos do running e do cicling; as novas e extremamente impeditivas normas do RGPD que dificulta uma divulgação 1:1 eficaz., entre outras. Quanto à falta de vontade do publico, quanto a isso não há absolutamente nada a fazer.
Impõe-se a questão: o que falha? Coloco-me sempre esta questão, mesmo quando, à partida, sei que não foi feito nada de necessariamente errado. Será que faltou uma outra dimensão de divulgação, logo uma abrangência maior. Os nossos canais são os mais eficazes, como poderemos aprimora-los. Que outros factores podemos e devemos ter em consideração? Claro que as respostas raramente são simples e óbvias, ainda assim, esta situação merece sempre uma reflexão continua.

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