Este é um daqueles livros que faz sempre parte de inúmeras
sugestões e listagens e que, pela minha impressão, foi lido por toda uma
geração (ou meia geração) antes de mim. Eu nunca o tinha lido. Quando em Março
do ano passado, no âmbito do Escrita em dia, questionei Bruno Vieira Amaral
sobre sugestões de autores a ler ou a reler, a sua indicação foi “vale a pena
revisitar Maria Judite de Carvalho”. Registei a sugestão, propus à Comunidade
de Leitores que aceitou prontamente e agora aqui está: lido.
Esta foi mais uma feliz descoberta do trabalho de uma autora,
para mim desconhecida. E à qual terei de voltar, inevitavelmente. Foram vários os
factores de deslumbramento por este livro. Primeiro, a linguagem de uma
aparente simplicidade, mas uma forte demonstração do seu domínio e das suas
subtilezas. Segundo, a ironia quase suave, mas de uma acidez que queima e deixa
a sua marca. Depois, a precisão cirúrgica com que explora a solidão feminina vivida
com uma lucidez quase angustiante. São diversas histórias vividas por mulheres cuja
premente lucidez perante o desfasamento entre o papel que a sociedade lhe
reserva e os sonhos, que raras vezes ousa sonhar, nunca permite atingir um
estado – ainda que temporário – de felicidade. São o retrato de uma consciência
– ou do seu despertar – e simultaneamente da falta da força - social ou intrínseca - de fazer frente a
milénios de subjugação e injustiça, que se transformam numa lucidez
incapacitante.
Definitivamente, terei de regressar à leitura de MJC, porque, no
mínimo, fiquei intrigada com a sua abordagem e sensibilidade.
Revisão: … | Editora: Arcádia |
Colecção: | Local: … | Edição/Ano: … |
Impressão: … | Págs.: … | Capa: … | Ilustrações: | ISBN: … | DL: … |
Localização: BLX DR5 (…)
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