No
próximo dia 8 de janeiro, inicio mais um ciclo de Português para
Estrangeiros na Biblioteca da Penha de França. Será em muito
semelhante aos ciclos anteriores, mas terá duas diferenças
essenciais para mim, e que desde o início do projecto anseio poder
implementar: aumentar o nº de sessões e fazer um horário no
período da manhã.
Até
ao momento, cada ciclo de Português para Estrangeiros que estruturei
foi composto por 12 sessões. Neste ciclo serão 16 sessões, que,
duas vezes por semana, perfazem um total de 2 meses de formação. Só
agora, com a duplicação do espaço da biblioteca, a integração de
novos elementos na equipa e uma nova divisão de tarefas – foi
possível aumentar o nº de sessões disponibilizadas por ciclo. E
porquê mais sessões? Por 12 sempre se revelou insuficiente, pois,
quanto o grupo já está num determinado nível de domínio e à
vontade com a língua, o ciclo termina. Agora, com mais 4 sessões
vamos poder consolidar as aprendizagens e – eventualmente –
apostar em novas aprendizagens.
Quanto
à questão do novo horário, não é por esperarmos uma maior
afluência de público. É por querermos atingir uma camada
especifica de público: as mães cujos filhos frequentam Creches e
Jardins de Infância e que, a seu tempo, integrarão o sistema de
ensino português. Queremos dar a essas mães - muitas delas sem
grandes níveis de escolaridade, com rendimentos reduzidos e algumas
restrições culturais de acesso a mais formação – uma
oportunidade não só de estabelecerem novos laços sociais,
contribuindo assim para a sua integração e auto-valorização, mas
também de ganharem competências para acompanhar os seus filhos no
percurso escolar futuro. É a nossa forma de capacitar e empoderar
não só essas mulheres, como também uma geração de jovens que
são, na sua maioria, portugueses e contribuir para que estes tenham
oportunidade de usufruir educação equitativa e plena.
Por
que este é uma das funções de uma biblioteca que se quer inclusiva
e em consonância com a comunidade que a rodeia. E se a
multiculturalidade e as migrações são realidades existentes e
cada vez maiores no nosso futuro global, temos a obrigação de
contribuir para que as diferenças são sejam factor de
inferioridade, mas sim potenciais de crescimento transversais a
todos.
Como
é perceptível, este é um projecto que me é muito caro. E estas
pequenas grandes diferenças e conquistas no projecto são apenas a
demonstração do quão ele é necessário e faz sentido numa
comunidade cada vez mais global e mais heterogénea: contribuir para a
ponte e para o denominador comum respeitando a diferença.
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