A balada do café triste, Carson McCullers

Há muito que esta autora me suscita a curiosidade, mas tem sido sempre uma leitura adiada. Desta vez, retive-me neste pequeno volume para entrar, não só no universo da autora, mas também, numa américa interior, caracterizada por uma pobreza crónica e longe de qualquer sonho que possamos ter sobre este país.
À partida, poderíamos dizer que esta é uma história de amor. No entanto, constatamos que é uma história de desamor, uma vez que as suas personagens – se o sentem – não o sabem exprimir e, talvez por isso mesmo, não sabem que o sentem. Oh, e que maravilhosa reflexão sobre a natureza do amor podemos encontrar na pág. 30.
Então, esta história de desamor é vivida por três personagens inusitadas: Miss Amelia Evans, o seu putativo primo Lymon e o seu marido por 10 dias, Marvin Macy. Em comum, estes personagens têm a diferença física e social (quer de papéis, valores, expectativas). Nenhum corresponde a um padrão ou um ideal, mas também nenhum consegue aceitar a diferença do outro por completo e essa incapacidade leva, em último caso, ao desequilibro de toda uma pequena comunidade.
Como já afirmei, é um pequeno volume, mas oferece-nos reflexões tão apuradas e certeiras sobre o ser humano cuja desconstrução e encaixe fazem deste um grande livro. É, com certeza, uma história que irei ruminar e aproveitar diversos excertos como exemplos para as minhas sessões de Escrita Criativa.
Título Original: The Ballad of the sad Café | Tradução: José Guardado Moreira | Editora: Editorial Presença | Colecção: Obras literárias escolhidas | Local: LX | Edição/Ano: 2ª, nov 2011 | Impressão: Multitipo, AG | Págs.: 75 | Capa: Catarina Sequeira Gaeiras | Ilustrações: | ISBN: 978-972-23-4652-8 | DL: 334865/11 | Localização: BLX PF 82-34/MCC (80300066)

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