Objectivos de escrita

Terminei há poucos dias um texto que submeti a apreciação num concurso. Este era um dos muitos textos que tenho meio alinhavados e distribuídos por uns quantos ficheiros no meu meu portátil. São textos que inicio e sobre os quais podem passar muitos meses sem voltar a eles. Nascem de observações, impressões, encanitações e até alguns sonhos. Ficam – não direi a marinar, mas – à espera de melhores dias. Não sei quando voltarei a eles, mas, em última análise, estão em stand by para incorporar ou servir de treino para textos futuros. Têm o seu papel e o seu lugar no desenvolvimento do modo como escrevo.
Tenho uma forma de escrita muito atabalhoada. Num primeiro momento, é muito instintiva e limito-me a verter para o papel as tais observações, impressões, encanitações e até alguns sonhos. Depois, há uma tentativa mais racional de perceber o que é que aquilo pode representar e que temas pode explorar. Quando percebo o que posso abordar com a mesma, procuro fazer uma estruturação inicial de episódios, tempos e personagens necessárias a materializar esses mesmos temas. Segue-se muita tentativa e erro, muitas hesitações, muitos e ses... e o processo raras vezes simples de escrever, reescrever, adaptar, apagar, acrescentar, etc... Sempre com o objectivo de que o resultado tenha principio, meio e fim, bem como uma mensagem, uma densidade e uma profundidade mínimas, como as que eu gosto de encontrar nas narrativas que leio e aprecio.
Quando olho para os objectivos de escrita que defini há muito para me orientar, estou muito aquém do que me propus. Mas não estou insatisfeita. Muito pelo contrário, estou a seguir o meu caminho e estou a aprender e a crescer durante o processo. Se os resultados forem pouco quantitativos, não é o mais importante. Importa-me sim ficar satisfeita e ciente de que os poucos resultados que apresente tem um valor intrínseco mínimo que exijo a mim própria.

Alexandra Amaro


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