Comunidade de Leitores da Biblioteca Palácio Galveias: o que orientou a escolha de leituras?


Uma das questões inerentes às primeiras sessões da CL é a inevitável (e as suas variantes): como é que chegou a estes livros?
A principal linha orientadora tem origem no espaço físico da Biblioteca, mais propriamente na Sala Saramago e na homenagem que a mesma procura fazer a um dos seus utilizadores mais distintos e que sempre valorizou a importância desta no seu percurso profissional e pessoal. Então, a primeira ideia foi homenagear e revisitar a obra de Saramago. Mas como faze-lo quando na cidade existe a Fundação Saramago, que por sua vez já teve uma comunidade que revisitou toda a sua obra. Este facto obrigava a uma tónica diferente. Qual?
Pareceu-me natural que a homenagem andasse lado a lado com outros autores com os quais poderíamos estabelecer uma relação de diálogo entre as suas obras. A primeira relação seria inevitavelmente com os autores premiados com o Prémio José Saramago. Mas não poderíamos ficar por ai. A determinada altura seria redutor. Então, foram incluídos, mas era necessário ir mais além. Que além é esse?
Após algumas pesquisas, peguei então em alguns dos temas abrangentes que Saramago tão bem explora e pensei em livros e/ou autores que também se poderiam enquadrar nos mesmos. As grandes temáticas são: utopias & distopias (reflexão social), desterritorialização (migrações), inquietação existencial (reflexão sobre a condição humana), lusofonia e inovação da linguagem (espaço de diálogo, enriquecimento e influência da Língua Portuguesa). Depois, importava começar. Por onde?
Apesar da relutância religiosa do autor, ou talvez por essa ironia, vinha-me à mente a frase: no princípio era o verbo. O verbo. A palavra. O nome. A primeira palavra que nos é dada. Todos os nomes. A importância do nome na definição da identidade. Estava então encontrada a linha orientadora para este primeiro ciclo da Comunidade: O nome. A partir dai, foi relativamente fácil alinhar títulos cujo diálogo – por vezes, mais óbvio e profundo, outras, mais ligeiro - com a obra de Saramago passasse por este prisma.
Em Setembro, o prisma será diferente, mas a lógica subjacente será a mesma. A proposta está a ser alinhavada e está a compor-se. Mas calma, ainda é cedo. Por agora, relembro apenas a selecção de títulos deste semestre para poderem ler e, se possível, participar no diálogo. In loco ou à distância.
Boas leituras!


Programa 2020 (1º Semestre)
13 de janeiro: Todos os Nomes, José Saramago
10 de fevereiro: Autobiografia, José Luís Peixoto
9 de março: Ernestina, J. Rentes de Carvalho
13 de abril: Os Malaquias, Andrea del Fuego
18 de maio: As primeiras coisas, Bruno Vieira Amaral
8 de junho: Eliete, Dulce Maria Cardoso

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