Foi com curiosidade que encetei esta
leitura, afinal já conhecia um pouco a escrita de Chico Buarque e
todos temos como cartão de visita a sua vasta e diversificada obra
musical. Talvez as expectativas fossem demasiado elevadas, pois não
apreciei este livro.
Porquê? Não foi pela narrativa
retalhada que ora avança ora recua para nos apresentar as tentativas
de sobrevivência económica e social de um escritor há muito
afastado da criação literária. Nem seque o tenta, apenas o finge
na exacta medida de garantir o cinematografia mínimo para um estilo
de vida semi boémio, indiferente aos outros, mas sempre disponível
para pegar uma mina (desculpem se a terminologia não for 100%
certa). Não e que as outras personagens sejam ou tenham igualmente
outro objectivo senão a sobrevivência na selva social, sem se
importarem muito com o outro. Parece que este conjunto de personagens
era suposto reflectir uma certa sociedade amorfa dos últimos anos
políticos do Brasil. Não tenho conhecimento para concordar com tal.
O que me cansou desde inicio é este
eterno personagem do escritor has been que vive à sombra da obra
passada que já poucos recordam, mas que ainda teima em ser galã
(canastrão) e em seduzir jovens. Já não há muita pachorra. É um
tema incontornável para um autor? Acredito que sim. Todos terão os
seus momentos de indagação sobre a sua posição social e literária
e em que ainda tentam fazer render glórias passadas. Já os tenho
visto por ai. Alguns injustamente, pelo seu continuo trabalho, outros
a teimar numa personagem que, e repito-me, já deu o que tinha a dar.
O que é que fica então deste romance?
A sensação de que as personagens são avulsas e que lhes falta um
qualquer fio condutor. E só se essa sensação de falta for o
objectivo final do autor é a narrativa, afinal, é bem conseguida.
Editora:
Guerra & Paz| Local: LX | Edição/Ano: Set., 2018 |
Impressão: Lousanense | Págs.: 206 | Capa: Ilídio Vasco |
ISBN: 978-989-702-423-8 | DL: 444955/18 | Localização: BLX PF
82P-31/MON (80423546)
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