Enquanto leitora, gosto de conhecer
novos autores, mesmo que já sejam autores consagrados e pareça que
sou a última a chegar à sua obra. Enquanto mediadora de leitura,
numa biblioteca pública, empenho-me em conhecer cada vez mais
autores nacionais, porque creio que faz parte da minha missão: dar a
conhecer o que é nosso. Uma das últimas descobertas foi este
pequeno livro, que ao passar diversas vezes pelas minhas mãos me
suscitou a curiosidade.
Num prédio lisboeta cruzam-se várias
vidas. Cruzam-se é uma maneira de falar, pois para além da passagem
nas escadas, estas vidas em momento algum se tocam. E cada um fica
preso à imagem fugaz que fazem do outro. Então, estas personagens
habitam sobretudo o abismo entre o que julgamos saber sobre os nossos
vizinhos através do pouco que deles vislumbramos e o que são, mas
também não querem mostrar. Seja por as suas vidas não correspondem
As expectativas sociais, seja porque o nosso mundo interior é muito
mais complexo do que o que estamos dispostos a ceder ao outro. E
quantos de nós estamos realmente dispostos a ceder tempo e
compreensão a alguém para que este deixe de ser um estranho?
Mas a vida neste prédio pasmacenta
neste prédio é súbita e momentaneamente dinamitada com a morte de
uma jovem inquilina? Que era ela? Quem a matou? Estarão os demais
seguros? Quem poderá ter testemunhado? Quem são os suspeitos? Todos
e nenhum, porque ninguém conhece o outro o suficiente para o
acreditar inocente. E, no fundo, todos temos o desejo nada secreto
de imputar todo o mal do mundo ao outro.
A escrita de Ana Saragoça e fluída,
divertida e acutilante. Um livro a ler e, quiçá, para rever-nos.
Editora: Planeta| Revisão: Fernanda
Fonseca | Edição: 1ª (na planeta) Fev 2018| Local: LX | Impressão:
Multitipo, A.G.| Ano: 2013, Maio | Págs.: 133 | Capa: Rui Garrido |
ISBN: 978-989-777-031-9| D.L.: 437320/18 |Localização: BLX PG
82P-31/SAR (80412590)
Fiquei curiosa de ler este livro. Vou juntar à minha lista. A capa é bonita, talvez seja por isso, ou não.
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