Do desconfinamento V | De panis et futebolis

Se algo de positivo houve no período de confinamento, foi a redução da presença do futebol nos media. Principalmente nos canais televisivos noticiosos, em que alguns horários primam não pela noticia, mas pelo macabro escarafunchar e acicatar das hordas de adeptos e supostos profissionais. Talvez neste período, o futebol tenha tido a exposição que sempre deveria ter. Mas este estado de graça televisivo terminou.

Com a perspectiva do reinicio do campeonato, voltamos à mistura entre interesses económicos, o acicatar de quezílias, ódios e violência verbal e física, à diluição entre a suposta diferença entre políticos e desporto e à ausência de alternativas nestes canais televisivos.

Durante quase 3 meses trocámos de vírus, mas este que gira em torno do futebol revela-se mais forte. Porque é inquinado, instigado, alimentado e preservado por todos os poderes. E em contraponto à falta de pão em muitos lares, vamos dar-lhes o circo que sempre alimentou ilusões. Trocámos de arena e de animais. Mas, e perdoem-me os animais, as bestas continuam. De ambos os lados dos ecrãs.



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