Macaco Infinito, Manuel Jorge Marmelo

Este livro já me tinha chamado a atenção na estante, mas não era o momento. Foi agora e li-o em menos de 3 dias, o que para mim não é habitual, mesmo num livro de pouca dimensão. Conquistou-me a atenção e foi-me mantendo cativa e alerta a cada página, desejosa de chegar ao final e sem qualquer vontade de o adiar, porque sentia que necessitava dessa voluptuosa velocidade para que o seu impacto fosse efectivo.
É-me difícil dizer do que gostei mais neste livro. Se do tema, do conceito, da construção, das transversalidade, da perversa actualidade, da triste humanidade ou do modo como tudo isto é cozido, com cada ponto bem arrematado com o seu nó.
A história é a de como a maldade se intrínseca num homem e este, para sentir o seu poder e ressarcir-se de outras perdas, é capaz de submeter outros homens e mulheres a maquiavélicos planos de tortura psicológica e confinamento de mentes. E o mais perverso é que o faz acompanhado com a beleza e a aspiração da arte, presente na forma como escolhe as putas do seu prostibulo (pela semelhança da figura ou do espírito das mulheres de Picasso) e no corpo de Wakaso, que submete a todas as humilhações e utiliza como experiência humana para testar o teorema do macaco infinito.
É um livro tristemente belo. Triste pelas acções inumanas e representações do mal intencional e imaginado pelo bicho homem. Belo porque demonstra que a beleza e arte não salvam necessariamente o homem do mal, apenas o levam a ser mais tortuoso e vil na forma como o exerce.
Revisão: João Assis Gomes | Editora: quetzal | Coleção: língua comum | Local: LX | Edição/Ano: 1ª, jun 2016 | Impressão:Bloco Gráfico | Págs.: 198 | Capa: rui rodrigues | ISBN:  978-989-722-314-3 | DL: 409805/16 | Localização: BLX PG 82P-31/MAR (80384386)

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